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Procura-se uma família criativa
Há alguns dias, em um dos meus devaneios matinais nos stories, comentei de uma conversa que tive com uma cliente enquanto atuava na minha skin publicitária. Ela fez um breve desabafo sobre não receber apoio da família com sua nova formação acadêmica, e estava claramente chateada.
Recebi muitas DMs de pessoas que, assim como eu, se compadeceram e se identificaram com o sentimento, sendo a maioria delas, mulheres. Muitas se sentiram confortáveis para me contar suas histórias e de como se sentem sozinhas, principalmente na construção de suas carreiras.
Fiquei me perguntando se homens também se sentem assim, e não dialogam para não demonstrar algum tipo de fraqueza, ou se é algo exclusivo de nós, mulheres, como consequência de uma criação que nos ensina a agradar o tempo todo, fazendo do “apoio” um indicador de afeto e pertencimento.
“Eu acho que as mulheres têm uma visão muito coletiva das coisas. Então querer compartilhar e ter esse apoio faz parte dessa coletividade. Além disso, mulheres sempre estão pensando em todo mundo, porque somos ensinadas desde cedo a cuidar de todo mundo. Quando a solidão bate, bate isso de "to aqui cuidando de todo mundo e quem vai fazer isso por mim?".
— autora Fernanda Rodrigues, direto da minha DM para esta edição.
“Oh, e agora quem poderá me apoiar?”
Por que não sermos a primeira pessoa a nos apoiar?
No fim das contas, somos nós quem fazemos o trabalho pesado. Ter a disciplina, sentar a bunda na cadeira até as costas doerem, vencer a insegurança, a vergonha, o desconforto de se sentir vulnerável, péssima, uma negação, meu Deus, deleta tudo, joga fora. Não, espera! Vai dar certo, vou arrumar, vai ficar melhor. Lapida, aprende, melhora, segue, vai em frente. A demanda, o sonho, a vontade, sempre parte da gente.
O fato é que o tal do apoio pode existir. Ele começa de um primeiro movimento, igual a um jogo de xadrez. Alguém precisa mexer a primeira peça ou nada acontece. Depois é ter paciência e contemplar os feitos, pois o apoio e a validação externa nem sempre virá de quem, como ou quando esperamos. Não podemos depender dela para começar. E às vezes, se prestarmos atenção, o apoio também vem na forma de uma xícara de chá enquanto você trabalha até tarde, de entenderem sua ausência em um almoço de domingo, de uma louça lavada, um compartilhamento nos stories, dedicar alguns minutos para conhecer seu trabalho e opinar, uma passadinha naquele lançamento, um interesse genuíno.
Se o apoio também pode ser visto como um ato de amor, devemos nos lembrar que existem muitas formas de amar.
Relações são mútuas e nós também temos de nos interessar, de verdade, pelas pessoas que criam ao nosso redor. Gente como a gente, com as mesmas incertezas, dúvidas e surtos. Pessoas com as quais podemos aprender e ensinar, que vão aos poucos compondo a nossa família criativa (obrigada por me apresentar ao termo, Fê).
“Essa família é muito unidaaaa…” 🎵
Inclusive, nesta edição, celebro dois anos de “bruna está digitando…”. Então se você está aqui, é parte da família.
Esta newsletter nasceu da vontade de compartilhar processos criativos, devaneios e inspirações, além de refletir e documentar minhas andanças pelo desenvolvimento do meu primeiro livro. Alguns assinantes acompanharam essa jornada desde o início e celebraram comigo a assinatura do contrato com a editora. Isso sem contar quem veio se aconchegando durante o trajeto e deixou mensagens, comentários ou simplesmente abriu meus e-mails, não me deixando só.
A Bruna lá em 2022 com certeza nem imaginava tudo isso.
Obrigada por abrir espaço na sua caixa de entrada para os meus textos. 🖤
Últimas leituras
✨ Ecos de Melancolia, de Larissa Prado: um livro curtinho que cumpre o que promete, além de ser belíssimo. Uma história carregada de blues em suas mais variadas formas, conecta música a personagens instigantes que te capturam logo nas primeiras frases. Impossível não querer saber mais sobre eles e a relação com o misterioso bar Paradis.
Tomatinhos especial de aniversário!
As top 3 edições mais lidas.
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Obrigada por ler mais uma edição do “bruna está digitando…” até o final :)
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Até julho! 🤘
Bruna Corrêa — publicitária, redatora, escritora de ficção, e-mails e devaneios.
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