🤘Edição #16: encarando o silêncio
Parei de brigar com o que tornou a escrita do meu primeiro livro, possível.
Ah, como eu estava com saudade de dar as caras por aqui.🖤
E para esta edição de retorno e a última do ano, decidi digitar sobre encarar o silêncio no processo criativo e a importância disso para a escrita do meu primeiro livro.
Espero que reverbere algo de bom por aí.
Um beijo,
- bru.
Tempo de leitura: 5 minutos
Quando pensei no título dessa edição, de imediato, a música Enjoy the Silence do Depeche Mode ecoou na minha mente. Gosto muito dessa canção, é daquelas que quando começam, aumento o volume. Inclusive, tem uma versão maravilhosa do Lacuna Coil, recomendo.
“All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms“
*Tradução: Tudo o que eu sempre quis / Tudo o que eu sempre precisei / Está aqui em meus braços
Mas voltando.
Apreciar o silêncio e contemplar o agora é um desafio grande para pessoas que, assim como eu, são pagas para se manter conectadas. Como head de conteúdo, passar o dia no Instagram, por exemplo, faz parte do meu trabalho.
Não à toa, desde o final do ano passado, tenho repensado minha relação com as redes sociais. O motivo? Me sentia saturada. A saúde física e mental não iam bem, percebi que sentar a bunda na cadeira para escrever tinha se tornado um desafio moroso.
Uma caixa enorme de interrogação flutuava sobre a minha cabeça: por que diabos não consigo fazer uma das coisas que mais me dão prazer?
A resposta estava bem nas minhas mãos. Esse aparelhinho com notificações eternas, vídeos engraçados, mensagens instantâneas. Não que a culpa fosse do celular em si. O problema era minha atitude de correr para o feed toda vez que me sentia entediada.
Só que o tédio é necessário para a criatividade. Inclusive, falei sobre isso na edição #5.
Com isso em mente, 2023 se tornou um exercício para abraçar o silêncio, o tédio. Fazer deles meus melhores amigos.
E NOSSA, como foi difícil!
Foi difícil não me comparar e não me sentir estagnada. Foi difícil não cair na tentação de produzir conteúdos e textos com maior frequência só para não “sumir”. Foi difícil aceitar o meu ritmo e ficar em paz com isso.
Precisei aprender e desconstruir muitas crenças (aliás, um beijo para a minha psicóloga). Pela primeira vez, foquei no que é essencial para mim.
Se deu certo?
Bom, terminei de escrever a primeira versão do livro.
Em alguns momentos, o processo foi caótico. Em outros, desconfortável, angustiante e solitário. Acolhedor e emocionante, também. E ao colocar o ponto final na última frase da história, tive a certeza de que escrever é vital e não quero parar. Eu preciso escrever. Ponto.
Essa não foi uma tarefa para riscar da lista. Foi bem mais profundo. Uma união do silêncio, da percepção do mundo e da relação pessoal. Silenciar as distrações de fora e dar atenção ao caos em mim. Deixar que escorra entre as palavras, parar de brigar pelo controle, pela perfeição. Suportar quando a execução não equipara à idealização, prosseguir, lapidar, reescrever, engolir o ego com farofa, ir até o fim.
Não tinha outro jeito do livro ficar pronto, a não ser sentar na cadeira por HORAS, HORAS E HORAS.
Foi difícil abraçar esse silêncio, esse vazio, a parte trabalhosa e nada glamourosa da coisa. A dúvida e aquele pensamentinho cretino de: será que estou pronta?
No fim, a gente só descobre fazendo. E assim como na música do Depeche Mode, eu já tinha tudo o que precisava, pelo menos para começar. Bastava me permitir ser vulnerável, imperfeita e caótica. Errar, arrumar, acertar.
Posso dizer, com certeza, que a escritora que finalizou As Mariposas da Morte é muito diferente da que escreveu suas primeiras palavras. Aprendi muito não só sobre a minha escrita, mas também sobre mim.
Descobri que não sou a pessoa do imediatismo, embora tenha vivido assim por muito tempo. Amei ficar mais reclusa, comigo. Amei fazer da escrita um ritual, da leitura meu descanso, dos minutinhos andando na praça perto de casa, ouvindo música, o meu altar de novas ideias.
E o mais importante: sentir orgulho por ir até o fim.
Para criar, às vezes é preciso cavar com as unhas afiadas e descobrir o que há por baixo da terra.
E agora?
👉 Preciso descobrir como As Mariposas da Morte ganhará o mundo:
Ainda não tenho a resposta, então não falarei muito. Mas adianto que se você gosta de suspense e personagens que precisam de terapia, continue acompanhando. 👀
Fica aí a reação de uma das minhas leitoras betas para deixar um gostinho:
👉 Essa newsletter:
Segue de pé batendo ponto mensalmente na sua caixa de entrada ou fora dela.
O que muda?
Quero trazer um tom mais de blog para os textos. Continuarei falando sobre processos criativos, minhas experiências com a escrita, opiniões e devaneios (devamails? 🤔 hehehe).
Inclusive, essa edição foi o primeiro teste.
Ah, e as edições novas serão enviadas, a partir de agora, toda segunda quarta-feira do mês.
É oficial: tô de volta! 😎
Tomatinhos
Hoje nosso molho está bem encorpado:
🤘Um podcast INCRÍVEL sobre histórias de suspense e crime escritas por mulheres. No Olá, Clarice, você vai encontrar entrevistas, leitura sensorial e reflexões sobre o tema, mediado pelas incríveis Larissa Brasil e Iza Artagão. Chega junto!
🤘Amei essa edição da newsletter Segredos em Órbita sobre a relação entre furar o crânio (sim, literalmente) e nossos padrões da infância. É bem interessante. Se você não entendeu nada, clica aqui para ler.
🤘Durante a escrita do meu livro, fiquei viciada nos vídeos da Christy Anne Jones reproduzindo as rotinas de escrita de autores famosos. A rotina do Neil Gaiman funcionou inclusive para mim. Vem espiar!
🤘Esse texto, curtíssimo, é a mais pura potência e dose de maré enfurecida para inspirar o seu dia.
🤘Essa reflexão maravilhosa do artista Kel sobre a existência da arte. Por que existe a arte?
Obrigada por ler mais uma edição do “bruna está digitando…” até o final :)
Fique à vontade para comentar ou responder esse e-mail, me contando o que achou.
Até ano que vem! 😜
Bruna Corrêa — publicitária, redatora, escritora de ficção, e-mails e devaneios.
👉 Me encontre também no:
Amo Depeche Mode, amo Enjoy The Silence. Essa música fala muito sobre meu ano também!
Bru, confesso que seu texto bateu forte aqui (aliás, não é a primeira coisa que você escreve que me impacta de certa forma).
Já quero ler seu livro novo! Parabéns por ter ido até o fim. <3
Beijo!