Você não faz ideia do quanto eu estava animada para enviar essa edição: março será o mês da mulher por aqui, com convidadas maravilhosas. Vai vendo! 👀
Espero que goste do que vem por aí.
Um beijo!
- bru.
Tempo estimado de leitura: 4min
Já procurei palavras como quem busca um vestido bonito no armário, mesmo sem planos de exibi-lo para o mundo.
Encontrei palavras na gaveta de facas e as procurei entre lenços que secavam minha sede de pertencimento.
Engoli palavras presas na boca do estômago, causando enjoo. Vomitei palavras azedas e amargas, mas não cometo a violência de enfiar palavras na boca de ninguém.
Empino palavras no céu feito pipa de menina, decorada pelas próprias mãos, que fecham a cada intromissão:
— Eu estava falando, senhor!
Falo mesmo. Às vezes com a angústia de quem já comeu palavras demais.
De estômago cheio eu não durmo. Se não adoeço com um gosto ruim na língua, de palavras que expiraram a validade, envenenando por dentro.
Encontro palavras nas páginas tortas, sem respiro.
Porque palavras demais entopem as vias e sem elas, eu não crio.
Dieta, por Bruna Corrêa
E o livro, hein?
Em fevereiro segui o ritmo. Parar de cobrar performance e focar em progresso, definitivamente foi a melhor escolha.
Fui conciliadora entre minha Criança e minha General, compartilhei um diálogo entre elas na edição anterior, e chegamos à decisão de que a General terá um papel muito importante a desempenhar depois que o livro estiver pronto.
Quando o assunto for campanha de divulgação, vendas e métricas, General fará a festa, mas até lá, ela que trate de deixar a Criança criar. E assim, selamos o acordo.
Descobri que meu jardim é feito sob medida
Dizem que existem dois tipos de escritores.
Os arquitetos ou arquitetas são os que gostam de planejar a história do início ao fim, seguindo o plano à risca.
E temos também os jardineiros ou jardineiras, que saem plantando sementinhas pelo caminho e vão descobrindo no trajeto que raios vai sair dali: pode ser um tomatinho ou uma maria-pretinha (entendedores entenderão) — clica aqui e vai na seção “Tomatinhos” se você não entendeu.
Enfim, descobri que sou uma jardineira de jardim planejado.
Em setembro de 2022 peguei uma folha, tamanho A3, e fiz todo o planejamento do meu livro. Mas não é que agora, durante a escrita, tenho plantado algumas sementinhas no decorrer da história só para me divertir com a desgraça dos meus personagens?
É maravilhoso, não nego. O planejamento de um livro definitivamente não precisa ser inflexível (a menos que você seja do time dos arquitetos). E eu, como gosto de exercitar minha espontaneidade, acredito que para A Mariposa da Morte, unir os dois caminhos está fazendo muito bem para a narrativa.
Sei que estou no caminho certo quando recebo esses comentários da minha mentora:
E assim, terminei o mês de fevereiro escrevendo o 9º capítulo de A Mariposa da Morte. 🖤
A história já está caminhando para o segundo Ato, reza a lenda ser o mais temido entre os escritores. Falarei sobre isso na próxima edição.
Março com mulheres e literatura
Este mês a newsletter abrirá o microfone para a série Troca de Áudios. Final de fevereiro tive a oportunidade e o privilégio de, literalmente, trocar áudios com 4 autoras nacionais que admiro muito, a fim de homenagear o dia e o mês da luta pelo direito das mulheres.
Será disponibilizado 1 episódio por semana, toda quarta-feira, e você os receberá no conforto da sua caixa de entrada para ouvir quando quiser. ❤️
Conheça as convidadas:
Tomatinhos - especial mês das mulheres
Uma seleção do mais puro suco de 5 autoras nacionais para você conhecer.
Larissa Brasil. Duas vezes vencedora do Prêmio ABERST de Literatura, Larissa é escritora de suspense e o carisma em pessoa. Lançou recentemente o livro de romance policial Irebu, sequência de Urutau, ambos financiados pelo Catarse.
Larissa Prado. Também já levou para a casa duas caveirinhas do Prêmio ABERST de Literatura e escreve verdadeiras histórias de terror que denunciam as vivências amargas das mulheres na sociedade de um jeito único. A Gargantilha e outros contos foi uma coletânea que mexeu bastante comigo. Recomendo muito!
Mia Sardini. Autora do livro As Vozes Sombrias de Irena, uma obra de terror feminista que mistura lendas, relações familiares e violência de gênero. Já falei sobre a Mia por aqui antes, mas acho válido demais falar especialmente desse livro.
Karine Ribeiro. Li recentemente sua obra de estreia, Secretária de Satã, e desculpe o linguajar, mas… CA-RA-LHO. Eu amei. Livro extremamente imersivo, trevoso e sanguinolento. Karine recebeu o Prêmio ABERST de Literatura com esse livro.
Juliane Vicente. Uma artista de multitalentos. Seu conto no livro Insólita - Museu & Antiquário - A Cadeira de Balanço, me deixou verdadeiramente perplexa, nos levando para as crueldades da escravidão.
Obrigada por ler mais uma edição do “bruna está digitando…” até o final :)
Todo mês, um novo conteúdo sobre processos criativos, escrita e inspirações direto na sua caixa de entrada.
Até abril!
Bruna Corrêa — publicitária, redatora, escritora de ficção, e-mails e devaneios.
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Eu amei o texto Bru <3 e ahhhhh.... morri de amores com a indicação. Obrigada pelo carinho, seu news está maravilhosa.