🤘Edição 28: o que sobra depois do apocalipse?
quando uma história sobre titãs escancara o que há de mais feio em mim e em você.
Já tem um tempinho que terminei de assistir Attack on Titan. Um anime sobre humanoides gigantes comedores de gente que me fez encarar o teto da minha sala por longos minutos enquanto eu devaneava sobre a natureza violenta da humanidade e seus ciclos de ódio.
Demorei para digerir esta história e, mais ainda, para aceitar os paralelos tão assustadores com a nossa realidade.
Vem comigo, não vou te dar spoilers, prometo!
Com carinho,
- bru.
Tempo de leitura: 3 minutos
Attack on Titan, conhecido no Japão como Shingeki no Kyojin, é um anime baseado no mangá de Hajime Isayama e acompanha a história de um mundo onde a humanidade vive confinada atrás de muralhas para se proteger de Titãs.
A premissa parece simples: monstros ameaçadores, batalhas épicas, e sobrevivência, mas Attack On Titan vai muito além.
Na trama, acompanhamos a vida de três amigos de infância. Quando a mãe de um deles é devorada por um titã, o trio decide entrar para as forças militares a fim de combater o inimigo de frente.
Ao longo de quatro temporadas, a narrativa se desdobra em camadas profundas que nos levam a questionar o que é o bem e o mal.
Attack on Titan tem a coragem de não suavizar as nuances.
A história não te dá personagens bons ou ruins, te dá pessoas. Com contradições, falhas e propósitos legítimos, explicados pelo contexto em que estão inseridos.
A doutrinação dos jovens ao militarismo é um ponto-chave que leva a inúmeras discussões em torno do anime.
Representação ou apologia ao fascismo?
Para mim, a arte não é feita para ser higienizada e muito menos um manual de boas maneiras onde, mais uma vez, nos dividimos na perspectiva de um certo ou um errado.
A arte é feita para entreter, incomodar, gerar reflexões e debates, algo que Attack On Titan faz com maestria.
Nos vemos instigados a entender e pesquisar o contexto histórico japonês diante dos paralelos presentes na trama, que vai do Imperialismo à Segunda Guerra Mundial.
Somos levados a questionar, o tempo todo, quem é o verdadeiro inimigo.
Os personagens, tão repletos de camadas, criam vínculos entre si e aos poucos, nos conquistam. Suas histórias como indivíduos vão além da causa que defendem. Cada um tem seu propósito, empurrado pelo sistema onde estão inseridos. Uma cultura que preza a eliminação do desconhecido por meio do medo.
Sendo assim, o que é justiça e liberdade em meio a tudo isso?
Talvez uma questão de perspectiva.
De repente, conceitos que acreditávamos ser tão óbvios, tornam-se um verdadeiro borrão cinzento. Nos tornamos reféns da própria história, a tal ponto que já não sabemos mais para onde correr. As muralhas, os conceitos de violões, heróis, vítimas, o sistema e a nossa monstruosidade se entrelaçam.
Será que os monstros são apenas os titãs?
A mensagem, no fim, é desesperançosa. A humanidade está fadada aos ciclos de ódio. Não importa o quanto perca, nem o quanto sangre.
Talvez esse seja o maior mérito de Attack on Titan: nos lembrar que o horror não está nos monstros que combatemos, mas na nossa própria natureza.
Fica, vai ter live!
Eu e a autora Iza Artagão faremos uma live no Instagram para dissecar Attack on Titan, com spoilers.
Traremos nossas percepções sobre o enredo, teorias e interpretações.
Deixo o convite para você vir perder a cabeça com a gente.
Tomatinhos
Algumas atualizações sobre As Mariposas da Morte.
🦋 As Mariposas da Morte já pousou nas mãos da autora e está a coisa mais linda do mundo! Fiquei feliz demais, vem ver!
🦋 Vários leitores e leitoras já estão recebendo seus exemplares. Dá uma espiada.
🦋 Em breve, teremos a Leitura Coletiva do livro pelo Clube de Assinatura da Editora O Grifo e estou super animada para saber o que as pessoas estão achando da história.
A banda Ecos do Abismo faz parte do universo de As Mariposas da Morte como uma das atrações do Festival Rock sem Freio — ah, e esse evento promete, viu? 👀
Obrigada por ler mais uma edição do “bruna está digitando…” até o final :)
Fique à vontade para me contar o que achou desta edição.
Bruna Corrêa — publicitária, redatora, escritora de ficção, e-mails e devaneios.
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